destaque: Até 75% das mulheres entre 45 e 55 anos relatam, em algum momento, dor ou desconforto na relação sexual, mas apenas 25% procuram ajuda médica.
2. Impacto hormonal na libido e na resposta sexual
2.1 Estrogênio, testosterona e desejo
No imaginário popular, o estrogênio seria o único responsável pela libido feminina. Contudo, estudos do Endocrine Society mostram que a testosterona — produzida em pequena quantidade pelos ovários e glândulas adrenais — também despenca na transição menopausal, contribuindo para a perda de fantasias eróticas, dificuldade de atingir orgasmo e sensação de “desligamento” diante de estímulos. A especialista Lilian Fiorelli pontua que libido é multifatorial; sono ruim, dor articular e estresse elevam o cortisol, suprimindo ainda mais o desejo sexual.
2.2 Tempo de excitação e lubrificação
A resposta sexual se torna mais lenta. Enquanto uma mulher na faixa dos 30 leva, em média, 5 a 10 minutos para atingir lubrificação adequada, aos 50 esse tempo pode dobrar. Falhas de comunicação no relacionamento agravam o quadro, pois muitos casais não se autorizam a ampliar as preliminares. Quando a sexualidade na menopausa é entendida como processo gradual, o casal redescobre carícias, brinquedos eróticos e técnicas de mindfulness — recursos que aumentam a consciência corporal e prolongam a excitação.
destaque: Respiração diafragmática durante as preliminares aumenta em 30% a irrigação genital, segundo estudo da Universidade de Zurique.
3. Estratégias médicas de tratamento: do básico ao avançado
3.1 Terapia hormonal sistêmica e local
Quando não há contraindicações (histórico de trombose, câncer de mama ou endométrio), a terapia de reposição hormonal (TRH) reduz 90% dos fogachos e reverte a atrofia vaginal. Entretanto, muitas pacientes temem riscos. A boa prática recomenda doses mínimas eficazes e avaliação anual. Para quem não pode ou não deseja TRH, cremes vaginais contendo estrogênio ou promestrieno oferecem melhora local, sem elevação sérica significativa.
3.2 Recursos não hormonais e cirúrgicos
Gel de ácido hialurônico, hidratantes à base de vitamina E e laser de CO₂ fracionado estimulam colágeno, recuperando tônus vaginal. Procedimentos como radiofrequência íntima (RF) e micro-ondas (ThermiVa) já apresentam evidências moderadas de aumento da lubrificação e diminuição da dor. Na entrevista, a doutora Lilian destaca que cada caso deve ser avaliado por ginecologista com experiência em uroginecologia, pois “não existe receita de bolo” para a sexualidade na menopausa.
“A mulher não precisa sofrer em silêncio. Há tratamentos acessíveis, seguros e que devolvem conforto e autoconfiança em poucas semanas.” — Dra. Lilian Fiorelli, ginecologista
4. Práticas comportamentais e relacionamento
4.1 Comunicação e ressignificação do erotismo
Casais que conversam abertamente sobre fantasias, limites e medos vivenciam menos queda de frequência sexual após a menopausa. Exemplo prático: Maria, 52, relatou na consulta medo de “não excitar” o marido por causa da secura. Ao aceitar usar lubrificante siliconado e aumentar o tempo de beijos, notou retorno da autoconfiança — reflexo direto na sexualidade na menopausa. A culpa e o silêncio são inimigos do prazer.
4.2 Exercícios de assoalho pélvico e mindfulness sexual
Técnicas de Kegel fortalecem músculo pubococcígeo, melhoram vascularização e intensificam orgasmos. Já o mindfulness sexual, proposto por pesquisadoras canadenses, convida a focar em sensações táteis, sons e aromas durante o ato. Estudos mostram queda de 50% na ansiedade de desempenho feminino em oito semanas de prática. Recursos simples, mas potentes, que qualquer mulher pode inserir na rotina.
destaque: Lubrificantes à base de silicone duram até três vezes mais que os aquosos, evitam ardor e são seguros com preservativo de látex.
5. Tecnologias e terapias inovadoras
5.1 Laser, radiofrequência e rugosidade vaginal
O laser de CO₂ fracionado cria micro lesões controladas que estimulam neocolagênese e neoangiogênese. Em 3 sessões, 85% das mulheres percebem redução significativa da dor à penetração. A radiofrequência, por sua vez, aquece tecidos a 42 °C, contraindo fibras de colágeno e aumentando lubrificação. A tabela abaixo resume diferenciais, benefícios e limitações das principais terapias.
Terapia |
Principais Benefícios |
Possíveis Limitações |
Laser CO₂ fracionado |
Estimula colágeno, reduz dor, melhora lubrificação |
Necessita aparelho hospitalar e anestesia tópica |
Radiofrequência íntima |
Tônus muscular, aumento de fluxo sanguíneo |
Eficácia menor em atrofia severa |
Promestrieno tópico |
Alívio rápido da secura, ação local |
Uso contínuo, pode manchar lingerie |
Ácido hialurônico injetável |
Hidratação profunda da mucosa |
Custo elevado; precisa de reaplicação anual |
Suplementação de DHEA vaginal |
Precursor hormonal, melhora desejo |
Ainda sem aprovação ampla pela Anvisa |
5.2 Terapia de reposição de testosterona feminina
A prescrição de testosterona em gel transdérmico ganhou destaque recente. Meta-análise de 2021 envolvendo 8.480 mulheres demonstrou aumento significativo de desejo e satisfação sexual, sem elevação relevante de eventos cardiovasculares quando doses permanecem abaixo de 300 μg/dia. Contudo, automedicação é perigosa; dosagem e monitoramento obrigatórios evitam efeitos de voz grossa ou acne.
6. Quebra de tabus e saúde mental
6.1 Autopercepção e cultura do “corpo jovem”
Muitos tabus derivam de padrões estéticos irreais. Ao internalizar a ideia de que apenas corpos jovens são dignos de desejo, a mulher pós-menopausa se isola afetivamente. Psicólogos observam correlação direta entre baixa autoestima e anorgasmia. Ao ressignificar a sexualidade na menopausa como etapa natural, amplia-se o repertório erótico: massagem sensorial, posições sem pressão nos joelhos e brinquedos de sucção clitoriana.
6.2 Terapia sexual e apoio psicossocial
Quando o problema ultrapassa queixas físicas, a terapia sexual surge como aliada. Sessões individuais ou em casal exploram crenças limitantes (“não sou mais atraente”) e treinam assertividade na intimidade. Estudos brasileiros indicam que, após 12 encontros, 60% das participantes relatam aumento de satisfação sexual e de vínculos emocionais. Grupos de apoio também são valiosos, pois normalizam experiências e reduzem solidão.
- Reconheça que a menopausa é natural, não doença.
- Mantenha consultas ginecológicas anuais.
- Experimente diferentes lubrificantes e hidratantes vaginais.
- Pratique exercícios de assoalho pélvico diariamente.
- Inclua atividade física aeróbica para otimizar libido.
- Converse abertamente com o(a) parceiro(a) sobre mudanças.
- Considere terapias complementares, como yoga e meditação.
- “Menopausa acaba com a vida sexual” — MITO
- “Reposição hormonal engorda sempre” — MITO
- “Lubrificante é só para quem tem problema” — MITO
- “Vibrador vicia e substitui o parceiro” — MITO
- “Mulher mais velha não sente desejo” — MITO
7. Prevenção, autocuidado e qualidade de vida
7.1 Rotina de saúde integral
Alimentação equilibrada, rica em fitoestrogênios (soja, linhaça), cálcio e vitamina D, reduz sintomas vasomotores e protege ossos. Exercícios resistidos evitam sarcopenia e mantêm vascularização pélvica, crucial para a sexualidade na menopausa. Dormir sete a oito horas regula produção de leptina e grelina, hormônios que impactam humor e, indiretamente, desejo.
7.2 Check-list de autocuidado
Monte um calendário: exame de mamografia bienal, densitometria óssea a cada dois anos, dosagem de vitamina D anual e avaliação tireoidiana. A saúde mental merece igual atenção: meditação guiada, hobby criativo e rede de amizades amortecem estresse. Pequenas ações somadas elevam energia, confiança e disposição para intimidade.
destaque: Beber 1,8 L de água/dia otimiza produção de fluido vaginal e melhora elasticidade da pele em até 12%.
FAQ — Perguntas frequentes sobre sexualidade na menopausa
- 1. Toda mulher terá queda de libido após a menopausa?
- Não. Embora alterações hormonais afetem desejo, estilo de vida ativo, comunicação saudável e tratamento médico adequado podem manter ou até aumentar o interesse sexual.
- 2. Reposição hormonal causa câncer de mama?
- Quando bem indicada e monitorada, a TRH apresenta risco baixo. A história familiar, tipo de hormônio e tempo de uso são avaliados individualmente.
- 3. Existe exame para avaliar secura vaginal?
- Sim. O índice de maturação vaginal e o pH vaginal ajudam a quantificar atrofia e guiar terapias.
- 4. Vibradores podem piorar a flacidez?
- Não. O estímulo vibratório aumenta fluxo sanguíneo e lubrificação, beneficiando a saúde vaginal.
- 5. Laser vaginal dói?
- O procedimento é feito com anestesia tópica. A maioria relata apenas leve ardor por 24 horas.
- 6. Homens também mudam após os 50; como alinhar vontades?
- A conversa franca sobre expectativas, limites e cuidados médicos de ambos os lados favorece sincronia e empatia no relacionamento.
- 7. Posso usar óleo de coco como lubrificante?
- Óleos naturais alteram o pH vaginal e rompem preservativos. Prefira lubrificantes testados e aprovados pela Anvisa.
- 8. Qual profissional procurar se sinto dor na relação?
- O ideal é agendar consulta com ginecologista especializado em sexualidade ou uroginecologia. Fisioterapeutas pélvicas e terapeutas sexuais podem compor a equipe.
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👉 Principais insights deste guia:
- Entender o corpo e as mudanças hormonais é o primeiro passo.
- Há múltiplas terapias — hormonais e não hormonais — seguras e eficazes.
- Comunicação, exercícios pélvicos e autocuidado sustentam o desejo.
- Quebrar tabus culturais melhora autoestima e saúde mental.
- Profissionais especializados estão prontos para ajudar.
Se a sexualidade na menopausa ainda traz desconforto, leve as informações deste artigo à próxima consulta e discuta opções que façam sentido para sua realidade. Compartilhe o conteúdo com amigas e familiares: conhecimento é libertador. Para aprofundar, assista ao vídeo completo no canal Drauzio Varella — link incorporado neste texto — e inscreva-se para mais conteúdos de saúde feminina.
Créditos: entrevista “Sexualidade na menopausa | Lilian Fiorelli”, publicada no canal Drauzio Varella.
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